Desde o início do governo Lula, o tema do empreendedorismo tem sido tratado com atenção. Não à toa, foi criado o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. E são as mulheres o maior público neste segmento.
A informação foi confirmada pela ministra das Mulheres em exercício, Eutalia Barbosa, durante participação no 7º Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo, realizado nesta semana (4), em Brasília.
“As mulheres formam a maioria da população brasileira e as contribuições de cada uma delas na economia e no desenvolvimento do país são muitas vezes invisíveis. Por trás de um trabalho de cuidado, de um empreendedorismo doméstico, há uma mulher pouco apoiada financeiramente nas políticas de o ao crédito, por exemplo. Ou seja, elas somam para a acumulação de riquezas do país, mas infelizmente não participam da distribuição igualitária delas para melhorar suas vidas”, enfatizou a ministra interina em sua fala inicial.
A atividade foi promovida pela Aliança Empreendedora com apoio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), e debateu formas de alavancar o empreendedorismo de base, com especial atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade
O mundo do trabalho mudou, mas as mulheres não podem ser preteridas ou optarem pelo empreendedorismo como única opção, segundo a representante da titular da pasta, Márcia Lopes. Para Eutalia, empoderar as mulheres para que atuem em grau de competitividade e colham os frutos desse trabalho está entre as prioridades do Ministério das Mulheres.
Leia mais – Dia Mundial do Meio Ambiente: mulheres e crianças são mais afetadas por mudanças climáticas
“Mais de 10 milhões de mulheres são donas do seu próprio negócio, mas é um negócio lucrativo? Ele traz a inclusão socioeconômica de fato para essas mulheres? Cinquenta e um por cento das mulheres empreendedoras são chefes de família, e o Cadastro Único e o Bolsa Família já mostram isso: 53% das mulheres empreendedoras são mães e 87% das mulheres empreendem por conta própria, às vezes sem apoio e dificuldade no o ao crédito. Então, queremos que as mulheres em o mercado de trabalho com qualidade, seja por meio de emprego formal, pelo empreendedorismo e cooperativismo. Queremos ampliar as iniciativas já existentes e melhorar a vida das mulheres e por consequência de toda a sociedade”, defendeu Eutalia Barbosa.
Retomada do empreendedorismo feminino
De acordo com o Sebrae, a participação das mulheres no universo do empreendedorismo voltou a crescer no Brasil em 2024.
Depois de sofrerem uma queda por quatro anos consecutivos (entre 2019 e 2023), quando a participação das donas de negócios no grupo dos chamados empreendedores iniciais caiu de 50% para 40,2%, as empreendedoras registraram um incremento de 6,6 pontos percentuais, alcançando 46,8% do total.
Segundo revelou a pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Monitor – GEM 2024), realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Nacional de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo (Anegepe), a presença das mulheres entre os empreendedores com até 3,5 anos de operação conseguiu uma expressiva recuperação após sofrer a pressão ocasionada principalmente pela crise causada pela pandemia de Covid-19.
Ainda de acordo com a pesquisa, a retomada na participação de mulheres no universo do empreendedorismo também foi percebida entre as empresas estabelecidas, que reúnem negócios que estão em operação há mais de 3,5 anos, onde a proporção de mulheres empreendedoras também cresceu, com destaque para aquelas na faixa de 45 a 54 anos de idade.
Em entrevista ao portal do Sebrae, Margarete Coelho, diretora de istração e Finanças do Sebrae, afirmou que a cultura machista do país contribui para o amplo desenvolvimento das mulheres neste setor. Além disso, o trabalho invisível do cuidado, ainda impõe às mulheres a responsabilidade pelos cuidados com a casa, crianças e idosos, levando muitas empreendedoras a abandonarem seus projetos de empreendedorismo.
Leia também – Lula sanciona cotas: 30% de vagas no serviço público a negros, indígenas e quilombolas
“Foi assim durante a pandemia e continua sendo até hoje. Apesar do avanço registrado no ano ado, o empreendedorismo feminino no Brasil ainda enfrenta enormes disparidades que exigem a implementação de políticas públicas que acelerem a abertura de novos espaços, reduzam os obstáculos e permitam uma competição mais equilibrada entre homens e mulheres”, acrescenta Margarete.
Segundo ela, o fato da faixa etária de empreendedoras estabelecidas com melhor desempenho em 2024 ser a de mulheres entre 45 e 54 anos pode ser um forte indicador da necessidade dessa mudança cultural. “Nessa faixa de idade, as mulheres já têm um nível de ocupação menor com filhos pequenos, o que permite que possam se dedicar mais aos seus próprios negócios”, argumenta a diretora.
Da Redação do Elas por Elas, com informações do MMulheres e do Sebrae